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terça-feira, 31 de julho de 2012

SEQUESTRADO PELA OBAN (OPERAÇÃO BANDEIRANTES) - EM NOME DA SEGURANÇA NACIONAL

JANEIRO DE 1971 
UMA RAJADA DA JANELA DA COZINHA DE CASA
FRENTE DA CASA ONDE RESISTIRAM E FORAM CAPTURADOS OS DIRIGENTES DA ALA VERMELHA, EDGARD DE ALMEIDA MARTINS E ÉLIO CABRAL DE SOUZA, DEPOIS DE UMA TROCA DE TIROS COM OS AGENTES DA OBAN. A CASA TEVE A FRENTE  ALTERADA E O NÚMERO MUDADO DE 100 PARA 94, NA RUA AGUAPEÍ, NO TATUAPÉ, ZONA LESTE DE SÃO PAULO.
               No início do mês de Janeiro de 1971, Élio Cabral conseguiu evadir-se de um "arrastão" - cerco feito pelos homens da repressão nas ruas de São Paulo - próximo do Viaduto Alcântara Machado caminho da Zona Leste da cidade. Élio abandonou o fusca bege, 1967, conseguindo sair, mas nele foram apreendidos documentos, panfletos, placas e armas, que levaram à uma rápida sequência de de quedas - prisões - militantes e dirigentes da Ala Vermelha
              Deixaríamos a casa, pois era conhecida dos companheiros, que tinham sido capturados naquela semana. Na mesma manhã, enviei minha companheira e filhos para a casa de sua irmã em Mongaguá. Ela era casada com o velho camarada José Alves Portela dos tempos da ULTAB/FATAESP, de Presidente Epitácio. Quando assumi a direção da Ala Vermelha, convidei Portela para me acompanhar, mas ele não aceitou. Preferiu permanecer na clandestinidade, acompanhando nossa luta, pois tinha críticas a como estava sendo executada.
               Com minha companheira e filhos seguiram Nobue Ishii, a - Nina ou Marta - que recentemente havia sido resgatada, quando estava internada na Santa Casa de São Paulo, em coma pelas torturas sofridas nas mãos da equipe do facínora Sérgio Paranhos Fleury, do DEOPS. O resgate, bem sucedido, foi uma ação comandada por Élio Cabral.  Minha companheira  levava uma maleta com dólares de caixa da Ala Vermelha, especial para ser usado nessas ocasiões e que nos haviam sido repassados por companheiros da VAR-PALMARES. 
               Também foram com elas, minha outra cunhada Esmênia, que na juventude tinha sido tesoureira do Partido em São José do Rio Preto e nessa época também morava em Mongaguá, com suas duas filhas.
ENFRENTAMENTO RESISTENTE
                               A RAJADA
                 Élio já havia saído de casa, estava quase na esquina e retornou para combinarmos onde iríamos nos encontrar depois. Eu estava no portão e voltei para dentro. Entramos na casa.
                 Foi montada uma verdadeira operação de guerra.
                 A casa tinha um alpendre cercado de vidros, que dava para a porta da sala e um corredor, que ia até o quintal dos fundos. Passava pela porta da cozinha e do lado tinha um muro, do outro lado um depósito de ferro velho, do vizinho dos fundos.
                 Ao chegarem, entraram pela frente, quebrando os vidros das portas do alpendre. Outros vieram pelo ferro velho, saltaram o muro, invadiram o quintal e chegaram à porta da cozinha tentando arrombá-la. Ainda deu tempo, para queimarmos alguns papéis com anotações.
                 As portas resistiam. Disparei alguns tiros de uma metralhadora Thompson, que tínhamos. Eles se afastaram e revidaram atirando.
CRUZAMENTO DE ONDE SE AVISTAVA O VITRÔ QUEBRADO DA JANELA. SENHA PARA COMPANHEIROS NÃO SE APROXIMAREM DA CASA ONDE ERA NOSSO "APARELHO"
               Atirei em  vidro da janela, que dava para ser visto da esquina da rua Aguapeí com a Apucarana.O vitrô quebrado, era uma "senha" combinada com outro dirigente da Ala - Rodrigo - que chegaria do RJ, naquele dia. Se quebrada ele avistaria e não aproximaria da casa. Foi o que aconteceu.
       Abaixei-me sob a pia. Élio permaneceu imóvel no centro da cozinha. Chovia bala dentro da casa. Pelas paredes, janelas e depois do alto. Já estavam sobre o telhado.
A RENDIÇÃO
                Pensei nos meus filhos. Troquei algumas palavras com Élio. Acenei pela janela da cozinha com um pano de prato branco. Cessaram os tiros. Fui ao quarto e coloquei a metralhadora debaixo do colchão da cama.
                 O chefe da equipe, depois soube seu codinome - Dr. Aldo - gritou : - Vocês estão cercados, não há nenhuma chance, se entregando eu garanto a integridade física e a vida de vocês.Nos rendemos.
                 Abrimos a porta e o chefe da equipe deles estava à nossa frente, saímos e fomos rapidamente cercados por vários homens ameaçando nos agredir e impedidos pelo tal "Dr. Aldo".
                  Élio ainda gritou para a vizinhança , que se apinhava para ver o que estava acontecendo, ouvir: -  
   Nós  não somos terroristas, somos lutadores contra a ditadura fascista no poder.
                  Foram testemunhas, os companheiros da Ala Vermelha, Paulo de Tarso Gianini e Felipe José Lindoso, que tinham sido capturados alguns dias antes e ali desfigurados com evidentes marcas de torturas. 
   
                      Nos algemaram e nos levaram em carros separados. O comboio saiu em disparada para a rua Tutóia.
                        Ali conheceria o -  inferno - como dizia Dirceu Gravina, codinome - JC, Jesus Cristo - nas torturas e os outros torturadores, todos sob o comando do major Carlos Alberto Brilhante Ustra, o " Dr.Tibiriçá" a serviço do CIE - Centro de Informação do Exército, órgão do SNI - Serviço Nacional de Informação e subordinado ao Comando do II Exército em São Paulo, todos orientados pela CIA - Central de Inteligência Americana.
 

terça-feira, 24 de julho de 2012

ALA VERMELHA

DISSIDENTES
ALA VERMELHA
             Da dissidência de Tarzan de Castro, Diniz Cabral, Élio , Derly e seus irmãos Devanir, Daniel e Joel, os irmãos Dimas e Dênis Casemiro, com outros jovens estudantes na VI Conferência em 1966, nasceu a Ala Vermelha do PC do B contrapondo-se de modo crítico, a inércia da direção do Partido, sua Ala Branca.
 
FONTE: ARQUIVO PUBLICO DO ESTADO DE SP. FUNDO DEOPS.
            No início, era  mais o movimento de um grupo, que se articulava baseado na experiência de Diniz,no meio da agitação estudantil. No redemoinho, tentavam formar uma organização.
                   Faziam parte dessa direção: Diniz, Élio, Tarzan, Paulo Cavalcanti, João Casper, Fernando Sana Pinto, Job Alves, Jaime Almeida, Aderval Coqueiro, James Allen Luz, Tapajós  Misael , Takaoka e com Derly José de Carvalho, veio o apoio de Devanir e seus outros irmãos, Daniel e Joel.
                 Foi um baque para Amazonas, a saída desse grupo. Porém , eles ficaram entre dois fogos: um do CC, taxando-os de pequenos burgueses, carreiristas e até de policiais. O outro, o da repressão com seu"modesto" poder de vida e morte para os terroristas, como também fui categorizado em 68.
Publicam a Crítica ao oportunismo e ao subjetivismo, opondo-se ao documento - União dos Brasileiros Para Livrar o País da Crise, da Ditadura e da Ameaça Neocolonialista - da direção do PC do B. Inseriam o proletariado, como o sujeito da revolução socialista para chegar ao comunismo a fim de construir uma sociedade livre da exploração e a eliminação de classes, "só através da guerra popular é que, nas atuaiscondições é possível construir um partido temperado na luta, com um exército poderoso  e organizar a aliança operário-camponesa em uma frente única revolucionária, que congregue as grandes massas do povo - com a correta combinação entre a luta armada no campo e nas cidades".
GEN/GERN
LUTA ARMADA
               Em fins de 67 e início de 68, já haviam iniciado as ações de expropriações.Ataques a carros de cigarros, caminhões de gás, máquinas impressoras e em seguida, bancos. Eram ações com organização débil, meio espontâneas e grupo indefinido, trocando de participantes a cada ação.
AÇÕES ESPECIAIS
           Mais tarde, separou-se a direção política do grupo de ações armadas, que passaram a ser chamadas de - ações especiais - feitas com cobertura armada, comando, previamente definidas, aprovadas e subordinadas a direção política. Passaram a ser planejadas, discutidas e o grupo melhor preparado com antecedência.
ALGUNS DOS INTEGRANTES DO GEN - GRUPO ESPECIAL NACIONALISTA E DEPOIS, GERN - DESENCADEAVAM A LUTA ARMADA DE INSPIRAÇÃO LENINISTA: - A ETAPA SUPERIOR DA LUTA DE CLASSES.
              Formou-se o GERN - Grupo Especial Revolucionário Nacionalista - composto por Aderval  Alves Coqueiro, Raimundo Gonçalves Figueiredo, Devanir, Daniel , Joel e Derly de Carvalho, os irmãos Denis e Dimas Casemiro, mais Élio Cabral de Souza. O GERN,  participava das ações com armas,carros, apoio, treinamento e etc...Essas ações eram autorizadas pela DNP - Direção Nacional Provisória e atuavam militantes de São Paulo, RJ, MG, Espírito Santo. Em São Paulo, estava o núcleo principal.
             Até início de 1969, predominou um certo foquismo mesclado com a teoria da Guerra Popular. A ditadura tinha sido pego de surpresa e não sabia quem era quem.
              Houve muitas ações para requisitar armas, máquinas para a publicação de panfletos, propaganda revolucionária e jornais. Dinheiro para custear aluguel de casas, carros, viagens e manutenção da organização. Também teve aparelhamento para conseguirmos documentos de militantes, a maioria na clandestinidade e perseguidos pelos órgãos de informação da polícia política secreta da ditadura, orientada pela CIA e polícias de outros países, como Portugal e Angola.
Estávamos sob o Estado de Terror da ditadura.
AUTOCRÍTICA 
              Iniciamos o processo de discussão de autocrítica. Encerrava-se a era do foquismo. O que gerou um conflito ideológico interno. Devanir liderou um "racha" e com ele foram Plínio Petersen, Waldemar Andreu e Domingos. Formaram o MRT - Movimento Revolucionário Tiradentes - Defendia, que a direção da organização deveria ser o GERN. Seu irmão Derly, ficou na Ala e o grupo armado que permaneceu, só agiria, subordinado as decisões da direção política e quando convocado.
                O MRT, fez ações em conjunto com a ALN - Aliança Libertadora Nacional, a  VPR - Vanguarda Popular Revolucionária, a REDE e Var- Palmares.
Raimundo Gonçalves Figueiredo e Dênis Casemiro foram para a VPR e Dimas, depois para a VAR- Palmares.
PONTO NA RUA COM DEVANIR
             Depois desse embate, me encontrei, apenas, mais uma vez com Devanir. Foi numa rua de São Paulo, em um ponto de meia hora, falei com ele e Waldemar Andreu. Insistiam para que eu fosse para o MRT. Também tive o mesmo convite da VPR, através de Denis Casemiro e Diógenes Sobrosa, na prisão.
QUEDAS
                Logo, ocorre a queda  dessa primeira direção.Dentre ele são capturados: Daniel, Jairo e Derly de Carvalho, Coqueiro, Silvinho e Nobue Ishii, que depois foi resgatada por um comando liderado por Élio Cabral, das torturas do delegado do DEOPS, Sérgio Fleury, torturador e o mais notório matador de comunistas.
A IMPRENSA CONFUNDIA ALA VERMELHA COM A ALA MARIGHELLA, DISSIDÊNCIA, QUE DEPOIS FORMOU A  ALN. FONTE: ARQUIVO PARTICULAR.
A Ala Vermelha mantinha contatos com todas a outras organizações clandestinas.
OS 16 PONTOS
             Fizemos uma reunião na Praia Grande, com meus filhos e minha companheira servindo de fachada, como turistas.
              Discutimos o documento, que ficou conhecido como "Os 16 Pontos", um aprofundamento da autocrítica e avançando na crítica ao foquismo.
               Fui do grupo, que não concordou com a tese, de que só eram possível ações armadas isoladas, desligadas das ações de massas. Defendia o avanço de frente única operária, necessária para a luta contra a ditadura da burguesia. Buscando unir as diversas organizações para a construção do Partido Revolucionário de "novo tipo", para que sobrevivêssemos, além daquela luta imediata.
                 Desse choque interno, nova dissidência despontou. Fernando Sana Pinto, depois de longo debate nessa conferência,  formou o MRM - Movimento Revolucionário Marxista e preferiu atuar com o MRT, de Devanir.
                      Eu entendia, que devíamos converter aquela luta, expondo-a abertamente aos trabalhadores, como uma luta de classes, que era também. Rejeitando o jogo reducionista dos militares e seus "intelectuais de plantão".
ALA - PARTIDO REVOLUCIONÁRIO
                 Na direção da Ala, fiz tudo para dar a organização, uma estrutura orgânica partidária. Um programa, que obedecesse uma estratégia e táticas, que ao mesmo tempo, apoiasse a luta armada e levasse a nossa organização à se ligar com as massas, ou seja, fazendo o trabalho reivindicatório, ligar esses movimentos, com o grupo armado, que se tornaria o exército popular defensor dos interesses do povo.Naquele momento, defendendo a massa da repressão militar.
LUTA PROLETÁRIA - JORNAL INTERNO DA ALA VERMELHA
            A Ala Vermelha editou e distribuiu os jornais  UNIDADE OPERÁRIA e o LUTA PROLETÁRIA, teórico e dirigido internamente ao Partido. Também publicou alguns folhetos, com trabalhos de Lênin, Mao Tsé Tung e outros teóricos marxistas. 
             Nas ações, fez algumas ocupações de rádio para leitura de manifestos contra a ditadura, em Santo André.
SOBREVIVENTES DO EXTERMÍNIO
A Ala, que dirigi, não teve baixas de mortes. Teve sim, prisões e nas prisões torturados. Porque incomodavam o governo militar, confrontando-o. Éramos ativistas políticos. Companheiros, que foram da Ala e migraram para outras organizações e outras direções,  pagaram com a vida. É o caso de Devanir, Dimas, Coqueiro, Denis, Raimundo Gonçalves e do James.Os que ficaram com a Ala , todos vivem, embora também lutaram, ás vezes, juntos com esses, que tombaram assassinados. É o caso de Diniz, Élio , Lindoso,Gianinni, Batista Correia,Rubens, Tapajós, Takaoka, Misael,Lins, Mattes, Granado e Derly, que teve os irmãos assassinados: Devanir,em São Paulo em emboscada armada por agentes do DEOPS de Fleury e também Daniel e Joel, que depois de banidos retornaram clandestinos da Argentina, para continuar a luta. Acho que em uma emboscada na fronteira , próxima de Foz de Iguaçu.
               Derly foi trocado por um diplomata, assim, que fui  capturado pelo DOI-CODI. A última vez, que vi algo a respeito dele, foi uma entrevista na Europa, quando foi banido, para a Argélia. A esposa de Devanir, foi para o Chile e não tive mais notícias, após o golpe, que matou Allende, depondo seu governo socialista.
 
EDGARD DE ALMEIDA MARTINS (MATIAS, CID,  MIRO, NUNES, MILTON, ANÍSIO, GUSTAVO,  PAULO ARMANDO DUARTE) -  EM 04 DE FEVEREIRO DE 1970 - QUANDO DA DIREÇÃO NACIONAL PROVISÓRIA DA ALA VERMELHA
              Posso dizer, que para mim, a Ala Vermelha existiu entre 1966 e 1971, com a queda do Birô Nacional, da qual fiz parte com Paulo de Tarso Gianinni, Élio Cabral, Orly Batista Correia,Gerôncio Albuquerque, Felipe José Lindoso, Antonio Carlos Lopes Granado e Tarzan de Castro.
                  Além de nós, foram capturados companheiros em Santo André, Porto Alegre,Minas Gerais e no Espírito Santo.Os que aderiram ao MRM e o MRT, também caíram.
A partir daí, tornei-me prisioneiro do serviço secreto do exército, que estava a serviço da ditadura burguesa-militar brasileira e do capital internacional.
e-mail: clandestinoedgard@gmail.com

sexta-feira, 20 de julho de 2012

RUMO AO OESTE - SÃO LUÍS DE CÁCERES - MT

GUERRILHA NO MT
GLEBAS,COLÔNIAS,BICICLETAS, AS ÁGUAS DO RIO PARAGUAI,O PANTANAL.NOSSA  CASA EM CÁCERES. E O POVO AMIGO,QUE DIZIA:VÔTI, DONA JURACY!
                       Fui então, para São Luís de  Cáceres no Mato Grosso. Aluguei uma casa. Deveria cobrir a região ao norte em Rondonópolis, chegando até Vila Velha no Acre. A teoria do cerco da cidade pelo campo , na prática. Unindo com a região do Araguaia fechava o cerco em torno de Brasília, o planalto central, coração do País.
                       Antes de embarcar , fiz algumas compras de roupas femininas e miudezas para revender lá. Minha cunhada, Guaraciaba, a Tuta, foi balconista, depois trabalhou em feira livre com o marido Portela vendendo , primeiro bananas, no litoral sul paulista e depois chinelos e sapatos.Me orientei com ela e com minha sogra, que também, ás vezes vendia miudezas andando pelos sítios e fazendas, na região da Alta Araraquarense com meu sogro, Machado Lino, que era prático no tratamento de doenças de cavalos e gados.
                     Registrei uma firma para o comércio ambulante, em nome de Anísio dos Santos Silveira, um documento, que o CC me forneceu e esse nome serviu para tudo. Em Cuiabá, tirei carteira profissional e título de eleitor com esse nome.
DA ESQUERDA PARA À DIREITA: SELENITA, JURACY E THAELMAN NA PORTA DE CASA EM 1968, THAELMAN DE BICICLETA; SELENITA, OS AMIGOS ANTONIO  ISIDORIO  E NEIDA  SEGURANDO A BICICLETA.FOTOS: TONICO. 
                    Fiquei em Cáceres de 67, quando diziam  ter passado por lá o comandante da revolução cubana, o argentino internacionalista Ernesto Che Guevara, rumo à Bolívia onde depois, morreu assassinado pela CIA e pelo exército boliviano. Era notável como o governo militar investia na abertura de novas "glebas" de terra na região, dificultando o trabalho de base, que fazíamos ( eu e J.J.) na Colônia Rio Branco. Viajava pela região como mascate, vendedor de miudezas, para despistar  a repressão, mas a dificuldade maior era a confiança, que aquele povo estava tendo na ditadura. Não separavam a situação política do crescimento econômico , que estava ocorrendo, decorrente da política dos "milagres" do mato-grossense "Bob Fields" e Delfim Neto. 
                   Passei a ser procurado pelos serviços secretos do Exército e acusado de chefiar o terrorismo em São Paulo. Eu, Tarzan de Castro e Carlos Marighella.
                  .A imprensa publicou artigos falando sobre guerrilha, sempre incluindo meu nome.
 
FOTO NA REVISTA VEJA, TERROR E REAÇÃO - A PRESENÇA SEMPRE LEMBRADA. MATÉRIA NO ESTADO DE SÃO PAULO . FOTO: VEJA, OUTUBRO DE 1968 E O ESTADO DE SÃO PAULO, AGOSTO DE 1968. 
Essa revista chegou em Cáceres e chamou a atenção para minha pessoa, que usava o nome Anísio e profissão mascate.
Um vizinho, professor de minha filha foi na secretaria da escola examinar os documentos da transferência escolar, descobriu meu nome verdadeiro e propagou pela cidade.
RESISTÊNCIA LOCAL
Não demorou, os agentes do II Exército chegaram à minha procura e para efetuar minha prisão.Salvou-me, a resistência do comandante do Batalhão local o cel. Gualter Ferreira dos Santos, que não aceitou a versão do serviço secreto do exército , pois ele  me conhecia pessoalmente e seus comandados sempre me viam na cidade.
Seu filho, que estudava na mesma classe de minha filha, avisou-a,  que me procuravam e isso deu tempo para que fizesse a retirada da família.
 
ACUSADO DE TER CHEFIADO O ASSALTO DO TREM PAGADOR; DEPOIS PELA BOMBA NO QG DO II EXÉRCITO E OUTROS ASSALTOS A BANCO. LIGAVAM MEU NOME AS ATIVIDADES DE MARIGHELLA, O QUE NÃO ERA VERDADE. NESSES ANOS SURGIAM EM SÃO PAULO, ORGANIZAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS: A ALN -  ALIANÇA LIBERTADORA NACIONAL E A VPR - VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA .FONTE: ARQUIVO PARTICULAR.
CASA INVADIDA 
Nossa casa foi invadida e tudo apreendido.Fizeram algumas prisões na cidade, supondo que fossem ligados a mim.Também não era verdade, pois ali eu só tinha relações de negócios e amizade pessoal com a vizinhança.
Nada encontraram na casa: nem armas, nem explosivos,nem jornais, nem panfletos, nem boletins.Foi um verdadeiro fiasco diante do circo, que armaram para convencer o comando Batalhão local.  
Voltei para São Paulo com ajuda de companheiros de Cuiabá. Chegamos com a roupa e uma malinha, com o que nos restou.
Ficamos na casa de minha cunhada Gláucia por um mês em Pirituba.
 
CONTRATO DE LOCAÇÃO DE CASA NA VILA BONILHA EM SÃO PAULO TENDO COMO FIADORES OS CUNHADOS JOSÉ CASTALDI E GLÁUCIA MACHADO LINO. DOCUMENTO DEPOIS APREENDIDO  PELO DOI CODI DE SÃO PAULO.FONTE: ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SP.
Contava com o apoio dos familiares, tanto do meu lado, como de minha companheira, que apoiavam-nos nessa luta. 
Perdi o contato com o CC, em São Paulo e no Rio de Janeiro.Ninguém compareceu nos pontos marcados. Fui por três vezes. Eram feitos com Amazonas,Pomar, Danielli ou outra pessoa conhecida , que vinham no lugar deles.De qualquer maneira, o contato era sempre feito com alguém da direção. 
ALA VERMELHA DO PC DO B 
Foi nessa condição , que me liguei aos companheiros, que se intitulavam - Ala Vermelha do PC do B - Ali estavam : Diniz , Élio, Derly e seus irmãos, que tinham contatos com o Partido. 
Durante o curso na China, eu e Derly trocávamos ideias comuns de restrições e críticas ao CC do Partido no Brasil. Ao voltarmos, seu irmão Devanir, que atuava junto a direção, resolveu se afastar, agir por conta própria, como ele achava, que deveria ser atuação revolucionária armada.
REPORTAGEM DE EDSON FLOSI  NA FOLHA  DE SÃO PAULO: CHINA PREPARA BRASILEIROS PARA FAZEREM GUERRILHA EM NOSSO PAÍS.22/11/1968
Começamos então , a organizar a Ala Vermelha do PC do B e dar ao impulso aos jovens, que buscavam orientação para seu movimento de contestação a ditadura militar.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

O RETORNO DA CHINA AO BRASIL

DE CHANGAI À PARIS 
O RETORNO 
               Estive na China de março de 1966 à janeiro de 1967. Deveríamos ter voltado em setembro de 66, porém a prisão  dos camaradas no Brasil, fez com que nossa volta fosse adiada. Prenderam em São José do Rio Preto, Tarzan de Castro e simultaneamente, Gerson  Parreira  e James Allen Luz. Em Brasília, Dilma Lima Stoduto e Cleide Almeida Fernandes. 
 
 ACIMA Á  ESQUERDA, FOTO DO ARQUIVO DO DEOPS USADA POR BRILHANTE USTRA NA - FOTO ABAIXO - PARA ME PROCURAR EM 1966, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO. AO LADO, FOTO DE TARZAN DE CASTRO EM SETEMBRO DE 1966, QUANDO FOI O PRESO EM MIRASSOL - FONTE: ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SP - FOTO DE TARZAN : PROCESSO BRASIL NUNCA MAIS. ARQUIVO EDGARD LEUENROTH 
               Nessa ocasião, antes do AI-5 e de existir a Operação Bandeirante (OBAN) , Brilhante Ustra esteve em Rio Preto, me procurando com a única foto, que o DEOPS tinha de mim. Chegou, ir à um terreiro de umbanda da cidade, interrogando frequentadores se me conheciam e sabiam onde eu me encontrava.Vizinhos e a  proprietária da casa onde morava minha família, dona Mariquinha, onde Tarzan havia estado algumas vezes, avisaram minha companheira , que mudou-se dali indo para Votuporanga na casa de sua irmã Wanda e seu pai, que havia se separado nesta época e morava com a filha, nesta época. 
               Depois de me tratar em Changai com os médicos-filósofos chineses. Fui convidado a praticar Tai Chi Chuan com um grupo em um  parque da cidade. Houvesse o que houvesse, naquele país de tanta história e mistério, víamos sempre com admiração, os grupos praticando seus exercícios e movimentos, todas as manhãs nas ruas, nas fábricas, no campo e nos praças.
O SIMBOLO DA DIALÉTICA CHINESA : O YIN-YANG E GRUPO PRATICANDO TAI CHI CHUAN  EM PRAÇA NA CHINA
              Conheci populares anônimos e estive com autoridades do PCCh. Nos despedimos oficialmente dos camaradas dirigentes, que nos hospedaram por um ano e embarcamos no aeroporto de Changai  para Paris.  
UM MÊS EM PARIS - PONTO COM AMAZONAS:                      SOB O ARCO DO TRIUNFO 
               Fizemos escala de um dia em Islamabad, capital do Paquistão. Hospedamo-nos em quartos de pensão em Paris, que uma velha senhora alugava. 
              Visitei a tumba de Napoleão Bonaparte no Hôtel dês Invalides. Um corpo pequeno de um grande general.
               Aguardávamos  informações e orientações da direção do Partido. Lá esteve Elza Monerat, com informações sobre as prisões no Brasil e que os militares insistiam em permanecer no poder.
              Nosso retorno, teria de ser  clandestino e disperso o grupo. Agentes da repressão do governo militar nos aguardavam nos aeroportos. O grupo foi separando-se, alguns camaradas já reclamavam muito de saudades do feijão brasileiro.
 
SNI EM PARIS : - FOI ANOTADA SUA CHEGADA À PARIS, PROCEDENTE DE SHANGAI , NO DIA 07 /01/67 - SOLICITA : - INVESTIGAR CUIDADOSAMENTE A ENTRADA A PRESENÇA DO ELEMENTO CITADO EM NOSSO PAÍS, NA ÁREA DE AÇÃO DESSE ÓRGÃO.  -  INFORMAR ESTA AGÊNCIA, QUANTO A LOCALIZAÇÃO DO INDIVÍDUO ACIMA , COM A POSSÍVEL URGÊNCIA - ASSINADO : PAULO T. VELOSO - CEL. CHEFE DO  SNI/SP
          Em meus últimos instantes em Paris,tive um encontro  com  João Amazonas sob o Arco do Triunfo. Decidimos ali como seria minha volta. Comprei uma passagem em meu nome para o o Rio de Janeiro.Mas, embarquei para a Colômbia. Assim os homens da repressão ficaram me aguardando no aeroporto do Rio, onde não desembarquei.
BOGOTÁ, LETÍCIA,MANAUS,RECIFE , RJ , SÃO PAULO,VOTUPORANGA 
            Logo que cheguei em Bogotá, segui para Letícia, cidade fronteiriça com o Brasil. Fiquei por três dias ali. Cruzei a fronteira sem problemas com a documentação.
          Depois de alguns dias e noite de calor tropical em Manaus, trocando de embarcações, - gaiolas - barcos e ônibus, passei rapidamente por Boa Vista em Roraima até chegar em Recife. De lá, para o Rio de Janeiro. Era abril de 1967.
          Fiz contato com o CC para apresentar o relatório sobre a viagem, o curso e o comportamento de cada um na China.Quem me contatou foi o Dr. José Haas Sobrinho, meu camarada no curso e já há alguns dias no Rio de Janeiro. Nessa reunião participaram : Grabois, Amazonas e Danielli.
O DR. JOÃO CARLOS HAAS SOBRINHO FEZ O CONTATO COM O CC NO RIO DE JANEIRO PARA EU  APRESENTAR O RELATÓRIO DA VIAGEM. O CAMARADA HAAS SOBRINHO FOI ASSASSINADO  E É UM DOS DESAPARECIDOS DO ARAGUAIA. FOTO : ARQUIVO DIGITAL.
RUMO AO OESTE - CÁCERES/MT
          Durante nossa ausência do país, realizou-se a VI Conferência do PC do B, onde surgiu a dissidência que divergia do núcleo dirigente do CC. Desse grupo destacavam-se Tarzan de Castro, Diniz Cabral Gomes Filho e Élio Cabral de Souza.Tive um rápido contato com Diniz em São Paulo, que me informou o que ocorrera na Conferência e sobre a prisão dos companheiros.
                    Ficou decidido, que eu iria para o norte do Mato Grosso, atuar no lugar do "Mateus", que tinha sido afastado do Partido, logo após as prisões de 66. 
Fui para Votuporanga, chegando em casa de madrugada,encontrei-me com família.
                     De lá fomos para Cáceres no MT , onde fiquei de 67 até o fim de 1968. Viajei com o companheiro (J.J.) - Agostinho , que atuava e conhecia a Colonia Rio Branco.
  
"ELEMENTO PERIGOSO"
DOCUMENTO DA POLÍCIA CIVIL DE SP - DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CPI /DOPS- FONTE : ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SP 
clandestinoedgard@gmail.com

quinta-feira, 12 de julho de 2012

DO INTERIOR DE SP À PEQUIM - VIAGEM À CHINA, 1966 -

DO INTERIOR DE SP AO ORIENTE   
VIAGEM À CHINA - 1966 
                   Os militares me procuravam por eu ser comunista fichado no DEOPS e seus S.S's. comandados pelo SNI - Serviço Nacional de Informação.
                    Em Votuporanga, oeste de SP, mantinha contatos com comitê central do PC do B, principalmente, com Pedro Pomar.Outro dirigente, o líder  ferroviário José Duarte, morou algum tempo em minha casa. Viajávamos pela região em trabalho partidário.Fundamos várias células e comitês regionais.
                   A polícia secreta da ditadura me classificou como "comunista, fanático pelas teorias de Marx, Lênin, Stálin e Mao Tsé Tung.Valente, gosta de resistir a prisão e atirar na polícia".
                   Encontrei-me com Arruda Câmara na capital, vindo de Recife. Providenciei seu contato com o comitê central.
                   Mudei-me para Jales, após saber da prisão de Duarte em São Paulo. 
CHOU-EN-LAI E PEDRO POMAR, QUE ME CONVOCOU PARA A VIAGEM À CHINA. FOTO DE 1972, QUANDO POMAR ESTEVE NOVAMENTE NA CHINA, CREIO QUE PELA ÚLTIMA VEZ. FONTE: ARQUIVO DIGITAL. 
               Pomar me chamou para ir à São Paulo e comunicou, que eu tinha sido escalado para ir à China. A viagem foi no início de 1966.
               Fui à Porto Alegre e lá recepcionado pela poeta Lila Ripoll, que morava com sua mãe. Contatei o  camarada  José Humberto Bronca. Ele me auxiliou indicando uma pensão, onde fiquei até sair o passaporte. De lá segui para o Rio de Janeiro, encontrei-me com João Amazonas, por ele fui apresentado à "tia" Elza Monerat, com quem fiquei em contato, nesses dias.
                Juntei-me a Derly José de Carvalho (Rui) da família Carvalho, (seu irmão de Devanir, depois foi para o MRT, Movimento Revolucionário Tiradentes) Jonas Grisoto (Cid) e Paulo Marcomini (Marcos). Embarcamos no aeroporto do Galeão por uma conexão Air France,  com escala em Lisboa e de lá à França.
 
ALGUNS DOS INTEGRANTES DO GRUPO QUE EMBARCOU PARA A CHINA, EM 1966. O TERCEIRO E ÚLTIMO GRUPO DE BRASILEIROS, DESAFIAVA AS  LEIS REPRESSIVAS DA DITADURA BURGUESA-MILITAR NO PODER.
                Uns quatro dias depois, juntamo-nos aos outros do grupo: Valdomiro Silva (Chagas), André Grabois (Zézinho), João Carlos Haas Sobrinho (Zé), Roberto Carlos Figueiredo (André), Manoel Luis de Sousa Coelho (Luis), Paulo Libero (Paulo), Nelson Dourado (Salvador) Micheas de Almeida (Micias), Divino Ferreira de Souza(Cardoso).Fui encarregado para ser o chefe da equipe.
                 De Paris fomos à Roma. Lá, trocamos de avião, passamos para PYA - Pakistan International Aviação- com escalas em Beirute, Teerã, Karachi, Dacar e finalmente, Changai.
                  No desembarque, fomos recepcionados pelo prefeito da cidade e pelo secretário de comitê do Partido de Changai. Jantamos e fomos convidados à visitar o Palácio da Cultura. Trabalhadores entravam e saíam para cursos de canto,dança,teatro, preparando-se, treinando e fazendo demonstrações para nós. Mostravam as salas onde ensaiavam e se apresentavam. 
BANDEIRA  CHINESA E CARTAZ COM A INSCRIÇÃO : - A CHINA DESTRÓI O VELHO MUNDO.
Nossa chegada representava um passo grandioso, extremamente emocionante. De Changai embarcamos para Pequim, onde fomos recebidos pelo encarregado das relações exteriores do Partido Comunista Chinês. O camarada Li Pen Hai,  foi quem nos acompanhou durante toda a nossa estadia.
RELATO  DE  EDGARD DE ALMEIDA MARTINS DA VIAGEM À CHINA - LIDEROU  O TERCEIRO E ÚLTIMO GRUPO, QUE ESTEVE NA CHINA, EM 1966
   
DEPOIMENTO GRAVADO NO INÍCIO DA DÉCADA DE 90, EM TUPÃ PARA ELIANA FLORIANO DA SILVA . O   MAIS COMPLETO RELATO DA  ESTADIA  DO  GRUPO, QUE ESTEVE NA CHINA EM 1966. PARA OUVI -LO  É SÓ CLICAR NOS BOTTONS ACIMA. 
 
 O POETA ANGOLANO VIRIATO CRUZ, FUNDADOR DO MPLA - MOVIMENTO PELA LIBERTAÇÃO  DE ANGOLA -  COM QUEM  NOSSO  GRUPO CONVIVEU UM DIA TROCANDO EXPERIÊNCIAS.DEPOIS , O POETA CRUZ  PASSOU A FAZER OPOSIÇÃO  AO GOVERNO CHINÊS, FOI IMPEDIDO DE SAIR DO PAÍS TORNANDO-SE UM PRESO POLÍTICO. MORREU NA CHINA E FOI ENTERRADO NA PERIFERIA DE PEQUIM EM UM CEMITÉRIO DE ESTRANGEIROS. FONTE: ARQUIVO DIGITAL.
 
TEXTOS NOS CARTAZES - NO SENTIDO HORÁRIO , DE CIMA PARA BAIXO : 1 - ABAIXO OS LÍDERES DA VIA CAPITALISTA, AGORA NO PODER DENTRO DO PARTIDO; 2 - INVESTIGAR E REALIZAR CONTINUAMENTE A REVOLUÇÃO; 3 -  CONSOLIDAR E DESENVOLVER AS FORMIDÁVEIS FAÇANHAS DA GRANDE REVOLUÇÃO CULTURAL PROLETÁRIA; 4 - VIVA O ANIVERSÁRIO DA REBELIÃO REVOLUCIONÁRIA DE 24 DE AGOSTO. FONTE ARQUIVO DIGITAL
 
MAO TSÉ TUNG, JOÃO AMAZONAS E LINCOLN OEST  DIRIGENTES DO PC DO B, NA CHINA.FONTE: PC DO B - ARQUIVO  DIGITAL
LINK PARA O DOCUMENTÁRIO :  UM HOMEM (IN)COMUM, A VIDA DE PAULO  MARCOMINI - QUE  TAMBÉM PARTICIPOU  DA LUTA CONTRA A DITADURA NO BRASIL  E  DA  VIAGEM À CHINA , NO MESMO GRUPO QUE EDGARD. 
clandestinoedgard@gmail.com

sábado, 7 de julho de 2012

1962 - A REORGANIZAÇÃO DO PCdoB - O GOLPE BURGUÊS-CIVIL-MILITAR -

DE 60 à 64
1962 - O PC DO B SE REORGANIZA, À ESQUERDA.
 ENQUANTO O TIO SAM PREPARAVA A SUA INVASÃO  AO 'QUINTAL' LATINO AMERICANO - A LUTA ERA CONTRA O KRUSCHEVISMO ,O REVISIONISMO E A "COEXISTÊNCIA PACÍFICA DE CLASSES" 
                           Jânio Quadros, eleito presidente, condecora Chê Guevara no dia 19 de Agosto de 1961 e renuncia no dia 25.
                     A campanha da legalidade, num plebiscito popular garante a posse de Jango Goulart vicepresidente, eleito pelo voto.Votava-se para presidente e para o vice.
                       Expulsos do PCB, Maurício Grabois, João Amazonas, Pedro Pomar, Diógenes Arruda Câmara, Calil Chade lançam "UM MANIFESTO-PROGRAMA E O NOVO PARTIDO", que é o Partido Comunista do Brasil, então reorganizado. Continuação do velho Partido, marxista-leninista, revolucionário, disposto a enfrentar a luta armada pelo socialismo e onde estivesse o poder em disputa, que tivesse a hegemonia do PC do B.
             Grabois e Pomar reeditam a "Classe Operária", órgão central do Partido.
             Jovens católicos fundam a AP - Ação Popular - que viria a ter papel importante em futuros acontecimentos políticos do país.
 
"DOIS ASPECTOS DA 2ª CONFERÊNCIA ESTADUAL DOS TRABALHADORES AGRÍCOLAS DE SÃO PAULO REALIZADA NA SEDE DO SINDICATO DOS METALÚRGICOS NESTA CAPITAL, EM OUTUBRO DE 1963.  À ESQUERDA UMA PARTE DO PLENÁRIO. NA A FOTO À  DIREITA, A MESA, QUE DIRIGIU OS TRABALHOS, OS LÍDERES CAMPONESES IRINEU DE MORAIS DE RIBEIRÃO PRETO  E JOSÉ ALVES PORTELA ,PRESIDENTE DA FATAESP- FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DOS TRABALHADORES AGRÍCOLAS DO ESTADO DE SÃO PAULO.
A POLARIZAÇÃO DO QUADRO POLÍTICO
                   O PCB divulga documento sobre as reformas de base. No RJ, Jango Goulart participa do maior comício político em defesa das reformas de base e envia mensagem ao Congresso regulando a remessa de lucros para o exterior, a lei 1131.
             Cabos e marinheiros  fazem uma assembléia no sindicato dos metalúrgicos no RJ. Goulart comparece a uma reunião de sargentos no Automóvel Clube, pronuncia um discurso, que polariza o quadro político nacional.
                   A Liga das Mulheres Católicas de BH promove arruaças na cidade. Começa a onda da reação golpista. Em São Paulo mobiliza-se meio milhão na Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
 
A CHINA DIZ QUE KRUSCHEV É SOCIAL DEMOCRATA E TERMINARÁ NA "LATA DE LIXO DA HISTÓRIA".  MANCHETE DE "O ESTADO DE SÃO PAULO" DE 31 DE MARÇO DE 1964.
                                                                                                         O V congresso do PCB confirma : A revolução brasileira é "antiimperialista, antifeudal,nacionalista e democrática".  Afirma, que viável a "transição pacífica" para uma nova sociedade. As tarefas nacionalistas democráticas conduzirão ao socialismo.
'A SANTA ALIANÇA"
             O IPES - Instituto de Pesquisas de Estudos Sociais  - Combate o movimento revolucionário. Unem-se na mesma diretriz políticos de direita, empresários, religiosos, militares, estudantes e sindicalistas pelegos.
             O período de 60 à 64, foi época da reação política da direita se organizar em surdina contra as esquerdas e o movimento sindical em ascensão, que vinha crescendo , englobando também os camponeses. Essa ascensão dos trabalhadores amedrontou os senhores de terras,os aliados do imperialismo, a própria burguesia nacional, incluindo sua ala progressista, "democrática e patriótica", preferiu se aliar aos militares, que já se preparavam para dar o golpe , há algum tempo.
              Foi a santa aliança : Latifundiários, agentes do imperialismo, fazendeiros,militares com a benção do  alto clero na união perfeita contra os trabalhadores, sindicalistas e comunistas.
O GOLPE  BURGUÊS-CIVIL-MILITAR DE 64
 ACIMA O  GOVERNADOR DA GUANABARA CARLOS LACERDA, CAMINHA À FRENTE DE BARRICADAS DE SACOS DE AREIA MONTADAS NO PALÁCIO DO GOVERNO ONDE PASSOU O DIA INTEIRO. EMBAIXO, À  ESQUERDA , CIDADÃOS PAULISTANOS SÃO REVISTADOS POR SOLDADOS DO EXÉRCITO NA RUA CONSELHEIRO CRISPINIANO NO CENTRO DE SÃO PAULO. - AO LADO , TANQUES NA RUA DO CENTRO DO RJ INTIMIDANDO A POPULAÇÃO CARIOCA. AS FOTOS FORAM  PUBLICADAS  NOS JORNAIS : O ESTADO DE SÃO PAULO , NA FOLHA DE SÃO PAULO E EM  O GLOBO NO DIA 01 DE ABRIL DE 1964. FONTE:ARQUIVOS DIGITAIS DOS RESPECTIVOS JORNAIS.
            No dia 02 de Abril, o presidente deposto chega a Porto Alegre onde o governador Brizola, seu cunhado, controla a situação e propõe resistência ao golpe.
        O CGT- Comando Geral dos Trabalhadores - convoca greve geral , que fracassa. Prestes, nosso "Cavaleiro da Esperança", o mais importante líder popular até então, não se manifesta publicamente. Ministros , exilam-se, saindo do país.
             Sucedem-se reuniões entre Goulart, Prestes, Brizola e o comandante do III Exército. Ali se decidiu pela capitulação e entrega do governo para os militares golpistas.
            A violência tomou conta das ruas das principais cidades do país. Lideranças populares eram presas e perseguidas.As celas dos DEOPS e os quartéis começaram a lotar de presos políticos.Tanques e soldados estavam nas ruas em guerra contra o povo brasileiro.
GREGÓRIO BEZERRA , LÍDER COMUNISTA , FOI PRESO , ARRASTADO COM UMA CORDA NO PESCOÇO E TORTURADO PELAS RUAS DE RECIFE. FOI HOMENAGEADO NO POEMA DE FERREIRA GULLAR "FEITO DE FERRO E FLOR". FONTE: latuffgregoriobezerra.jpg-
          O ato institucional  nº 1 é assinado e decretado no dia 09 de Abril de 1964, "garante ao executivo poderes excepcionais". Iniciam ao IPM's - Inquéritos Policiais Militares - atingindo , praticamente toda a oposição. 
           A  política esquemática do PCB  de "transição pacifica para o socialismo" foi um fiasco diante da disposição dos reacionários fascistas de "acabar com a festa e as lutas", armados.  Toda movimentação sindicalista, dos sargentos, de marinheiros, se dissolveu caindo como um castelo de cartas.
         Os golpistas contavam com apoio externo da CIA, do FMI, dos EUA e do Pentágono,  suas forças armadas e "falcões" americanos. Disseram : -"Se for necessário derramaremos sangue, não importa os comunistas, os sindicalistas, o PTB, os janguistas, brizolistas. Não serão governo, nem poder no Brasil, nesta , nem na outra década, de 1964 à 1984.
E, assim foi.
AVISADO ANTES, MUDEI-ME DE TUPÃ PARA VOTUPORANGA
 
OFICINA DE AUTOELÉTRICA NA AVENIDA TAMOIOS, 1697 - CENTRO DE TUPÃ - SP. À ESQUERDA O DR. WILTON FERRER, EDGARD (NO CENTRO) E À DIREITA, DR. ARTEGNAN SABONGI SESAF. AUTORIDADES LOCAIS AVISARAM-ME ANTES , QUE ESTAVA SENDO PERSEGUIDO POR AGENTES DO DEOPS  QUE SE DESLOCAVAM ATÉ TUPÃ PARA  PRENDER-ME, NOS  DIAS  QUE ANTECEDERAM O GOLPE.
            Imediatamente, mudei-me com a família para Votuporanga. Meus filhos transferidos da escola  foram para à casa de minha sogra, em São José do Rio Preto onde ficaram alguns dias. Fui avisado pela polícia local, que dias antes do golpe, minha casa estava sendo vigiada discretamente. Saí no dia 04 de Abril e levei a mudança sem grandes problemas.
            Tive a colaboração do delegado Otávio Vicenzoto e do juiz, Dr. Rui Assumpção. Eram amigos e clientes da oficina. Autoridades distintas, honestas e justas. Serviriam de modelo para o país, contra a situação de violência e corrupção, resultado dos anos da ditadura que vivemos.
Suspenderam  a vigilância depois que desocupamos a casa.
            Voltando à semi-clandestinidade, minha vida toma outro rumo, começa nova fase , a da luta contra a ditadura militar mantida pela burguesia civil. E, um outro capítulo, bem diferente de 1965 a 1971.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

REVISIONISMO - A DESFIGURAÇÃO DA LUTA

                          DE VOLTA À TUPÃ - 10 ANOS DEPOIS
  CONTRA O REVISIONISMO SOVIÉTICO
VISÃO AÉREA DO KREMLIN E CARTAZ SOVIÉTICO DA ÉPOCA DO REVISIONISMO        - A FIDELIDADE AO REVISIONISMO  SOVIÉTICO DESFIGURAVA AS LUTAS -
Encontramo-nos em uma reunião, que entre outros, estavam presentes: Carlos Marighella,Giocondo Dias, Mário Schemberg. Era uma eleição para a nova direção do estadual de SP. Afirmei, que discordando do revisionismo Kruschevista , que tomara conta do comitê central, só atuaria em organização de massa seguindo minha orientação pessoal. Soube mais tarde, que Amazonas, Grabois, Arruda, Pomar e Danielli também discordavam do revisionismo e da fidelidade que o PCB mantinha ao PCUS do sr. Kruschev. Foi difícil entender e explicar aos outros militantes, que a direção e sua maioria no partido tinham se afastado do caminho revolucionário. Que a própria URSS, já não era a pátria do socialismo e do internacionalismo proletário, que nós defendemos por tantos anos.
Foram substituídos na direção : Arruda, Grabois e Amazonas. Depois expulsos com Pomar e Danielli.Saíram também José Duarte de São Paulo e Sérgio Holmos do RGS. Diógenes Arruda Câmara foi para a base em Pernambuco. Centenas se afastaram por conta própria, como Jorge Amado, Caio Prado Jr. e outros.
Atuei com a comissão política, que fez a transição para a estrutura partidária no estado de São Paulo, ao lado de Dinarco Reis (camarada "André"), Câmara Ferreira e Sanches Segura. Na organização eu, Viana Vieira de Ribeirão Preto e Pepe de Bauru. 
Fiquei em Marília, onde vendi livros, depois fui para Duartina, onde trabalhei com meu cunhado Milreu, com quem tinha aprendido mecânica e lá trabalhei com ele em uma loja de material elétrico  até 60, quando voltei para Tupã . Devido à morte de minha mãe, eu e minha família  (mulher e dois filhos) moramos com meu pai  trabalhei na agência da Willys e na oficina  Autoelétrica 13, com o professor Leticiano Sano. Ali organizei o PSB, ( Partido Socialista Brasileiro) e recebia o "Voz Operária".
PADRE  LEVA SEMINARISTAS DE MARÍLIA PARA IMPEDIR COMÍCIO EM TUPÃ
 FONTE : TERRA LIVRE
Um acontecimento, que marcou foi um comício na campanha dos vereadores Geraldo Rodrigues e Luis Tenório de Lima, que esteve em Tupã. Ele era da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação onde inseriam-se as usinas de açúcar . Tenório Lima tinha uma base na Usina Paredão de Oriente , próxima dali , onde havia estado por várias vezes.
No comício de 04 de Julho de 1962, houve uma provocação organizada por alguns padres de Marília, que foram à Tupã levando jovens seminaristas com intenção de impedir a realização do comício. Contaram com ajuda do Pe. Tomáz do Colégio Dom Bosco e de alguns fazendeiros locais.
Houve um choque , entre os provocadores e os promotores do comício. A polícia interveio em defesa do comício, que além de legal era do PTB - Partido Trabalhista Brasileiro - do presidente da república.
No confronto, os comunistas levaram a melhor. O padre Tomáz foi atingido, precisou ser levado ao Pronto Socorro, onde levou 18 pontos na cabeça.
A comunidade católica não concordou com sua atuação, naquele espisódio. Disseram, que a Igreja não devia se intrometer na campanha política daquela maneira. Depois disso, ele foi removido da cidade.
Naquelas eleições municipais, o PSB elegeu o professor Sano, como suplente e depois ele assumiu a vereança.
No período entre 60 e 64, expandiram-se as organizações de camponeses. Surgiram centenas de sindicatos no país.
A partir de 62, fixei-me na construção do PCdoB.
clandestinoedgard@gmail.com

quarta-feira, 4 de julho de 2012

STÁLIN MORTO - O XX CONGRESSO DO PCUS

A CRISE NA DIREÇÃO
STÁLIN MORTO - O XX CONGRESSO DO PCUS ABALA O MUNDO
     STÁLIN MORRE  EM  MARÇO 1953, MAS SÓ É  ENTERRADO EM 1956
                No final  de 1956, o Comitê Central resolve discutir o relatório secreto de Kruschev  e as resoluções do XX Congresso dos PCUS. Aparecem declarações na imprensa  de diversos intelectuais se afastando do Partido e de seu Comitê Central, que mantém Prestes à frente.
             Arruda é enviado à URSS para comprovar as informações denunciadas no relatório.
                 A direção soviética já vinha sofrendo desgaste na base, depois da vitória da revolução chinesa com Mao Tsé Tung e Chou-En Lai enfrentando o "tigre de papel" americano e criticando o imperialismo soviético. Despontavam como nova direção para o proletariado internacional. Debates esporádicos aconteciam, questionando  a velha direção, que chocava-se por um lado com as perpectivas de novas revoluções e por outro, com a pressão interna liderada pela incipiente e diminuta"oposição de esquerda", trotkista resistente.
                REBELIÃO DAS BASES

 EM SALÃO FECHADO SEM CONVIDADOS INTERNACIONAIS KRUSCHEV
LÊ O RELATÓRIO SECRETO NO XX CONGRESSO DOS PCUS. FOTO : PRAVDA
                  1957 - Afastei-me por  divergir da atuação do comitê central, que não dava mais assistência nem prestava contas, por estar empenhado na discussão do relatório Kruschev. O C.C. pediu que eu fosse à São Paulo para uma reunião com Prestes, porque o Estadual seria reestruturado. Debates e reuniões aprofundavam as divergências, que levaram a cisão posterior entre quem acompanhava Prestes e o núcleo anterior composto por  Diógenes Arruda Câmara, João Amazonas, Maurício Grabois e Pedro Pomar . Causaram grande confusão no  PCB; acirrando a luta interna, desrespeitavam a tradicional disciplina partidária. A direção não cumpria seu papel e as bases começavam a se rebelar,  a partir da imprensa do Partido. Saem artigos opinando por conta própria passando por cima de decisões da direção nacional.
              Agildo Barata, destacado militante do movimento de 35 se manifesta contra o centralismo, os métodos da direção e propõe mudança radical na linha e estrutura partidária.
               O secretariado se lança numa luta para manter a "unidade partidária". A linha do IV Congresso é posta em cheque, tanto pela realidade, como pelas bases.
               A situação objetiva chocava-se com o mundo subjetivo criado pelo sectarismo da direção, distante da realidade das massas.
EM CHOQUE COM A NOVA DIREÇÃO NA SOROCABANA  FIZ  A CARTA DE RUPTURA: 40 PÁGINAS LIDAS EM REUNIÃO AMPLIADA - FOTO DA DÉCADA DE 50. ARQUIVO PARTICULAR 
 CARTA DE RUPTURA 
             Na Sorocabana, foi trocada a direção regional. Tudo começou a desandar. A atuação política da nova direção foi um desastre, partidariamente falando. Passei a ser divergente de Cipriano, o enviado pelo CC para representá-lo. Achava-o "intoxicado"de teses e teorias revisionistas, depois dele viver durante dois anos na URSS, na fase de preparação do XX Congresso.  Em janeiro deste ano nasceu meu filho Thaelman. 
      Estávamos em uma situação caótica. Eu tinha me afastado do trabalho por aprovação 
do regional, que apoiou a exigência do camarada médico, o Dr. José da Silva Guerra, com quem vinha me tratando a alguns meses. Estava com esgotamento nervoso, bastante debilitado física 
e psicologicamente. Recebi apoio de vários camaradas, extremamente solidários como o Guerra, que como médico e comunista também criticava aquela direção.
               Enviei uma carta ao CC e à Prestes, relatando a crise e a situação da região. Foram 40 páginas escritas e lidas em reunião ampliada do comitê regional. Decidi afastar-me do Partido, me ligar a produção e acompanhar a evolução do Partido, de fora.
                Essa carta foi enviada ao CC e à Prestes, pessoalmente.
                Um ano depois não houve resposta e nenhuma medida tomada.
                Quando encontrei-me com Prestes em um  Congresso Estadual, disse-me, que não recebeu esta carta e que desconhecia os fatos nela narrados. Nem se lembrava da mesma.
                  Diante dessa, me informava como funcionava o secretariado do CC, impedindo que o secretário-geral soubesse o que se passava no comitê regional( um escalão abaixo do CC). Considerei sabotagem consciente contra o Partido por parte de quem o fez. Não sei quem. Fosse a comissão política, que intermediava o CC e os regionais ou do próprio secretariado, já que  a carta era um relatório com balanço de mais de um ano de atividades e dizia em particular a Prestes, nosso secretário-geral.
                 Adotei a posição de afastamento dessa direção, que tivera tal prática." Iria refletir como atuar dali em diante, participando sim do trabalho de massas. Teria contato com o Partido, mas não concorreria a cargos dirigentes, nem de funcionário do Partido.
                 O processo de autocrítica foi doloroso e de certa maneira justificativo dos erros cometidos antes. Passei a ser divergente e oposição. Sofri muito por ver um trabalho de anos de uma militância combativa, honesta e abnegada, ser destruída por decisões de uma direção sectária, agindo  como inimiga consciente ou inconsciente dos camponeses trabalhadores em geral.
              A partir dali, não me subordinaria a decisões que não concordasse. A disciplina estatutária cessava para mim.
FOTO COM FAIXAS E A MASSA FORMANDO O ROSTO DE  LÊNIN : 'AS PESSOAS E O PARTIDO SÃO INDIVISÍVEIS". PUBLICADA NO PRAVDA EM 1953.
MILITANTE INDEPENDENTE DO PARTIDO 
Algum tempo depois, o Cipriano foi retirado de lá, indo para o Rio de Janeiro trabalhar no jornal  e assumiu Humberto Lopes ("Heitor"). Irineu Moraes ("João") me chamou para a campanha eleitoral, com os candidatos a deputados: Leônidas Cardoso (com quem convivi durante um mês , dia e noite viajando pelo estado), Aldo Lins Silva apoiados por  Prestes, que também apoiou Ademar de Barros para governador.
Não fiz campanha para Ademar de Barros, porque  sendo eu de Tupã, cidade onde tinha ocorrido a chacina em 1949  sob seu governo, seu secretário de segurança e o delegado local, Prestes não me convenceu, que seu apoio era correto.
 Foi um erro, que a história apontaria em 1964.
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