.share-button {display: inline-block;}

terça-feira, 28 de agosto de 2012

VIGIADO NO TRABALHO

                                  OFICINA DO  CHICO  
                                  VIGIADO NO TRABALHO
DOCUMENTO SIGILOSO DO DEOPS À DELEGACIA DE ITANHAÉM. APRESENTAR-SE A CADA DEZ DIAS, "COMO SE TRATA DE TESTEMUNHA PODERÁ SER VÍTIMA DE DE ATENTADO POR PARTE DE ELEMENTOS TERRORISTAS"    
NA ASSENTADA DO DEOPS, O ENDEREÇO TROCADO:  RESIDENTE NA RUA TUTÓIA, 921 , SEDE DA OBAN/DOI/CODI, EM SÃO PAULO, 36º DP DE SÃO PAULO. FONTE: ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SP
           Em Itanhaém, voltei à Oficina. Tive de fazer tratamento, que durou até 1975. Passei por cardiologista, psiquiatra, ortopedista e outros, incluindo tratamento espírita auxiliado por minha filha e minha irmã Doracy, que tornara-se enfermeira-chefe no Hospital São Paulo. As torturas sofridas no DOI-CODI, deixaram-me sequelas na coluna e nas pernas. Passei a usar salto de sapato mais alto no pé esquerdo.
           Voltamos para São Paulo, em 1973. Fui vigiado por anos seguidos, atrás de pistas, que levassem a organizações ou militantes. Evitei  contatos, só depois e pessoalmente participei de atividades políticas. Nesse ano, nasceu minha primeira neta, que recebeu o nome Dáfne, por sugestão do poeta Zeno, primo do camarada Paulo Mendonça, que na época, militava no movimento estudantil pelo PC do B e pretendia filiar-se às forças guerrilheiras do Araguaia.  Chegando a conversar comigo sobre essa sua decisão.
           Recebemos alguns móveis de volta, geladeira e cama. Voltei a trabalhar nas oficinas mecânicas das frotas de Taxi : Transportes Urbanos Taxitur e depois, Patrício Taxis, no bairro do Ipiranga.   
TAXITUR E PATRÍCIO TAXI. FONTE: ARQUIVO PARTICULAR
RECIPROCIDADE ENTRE PATRÕES E O DOI CODI
      Os donos dessas empresas eram da família Sayeg, de origem libanesa. Tinha  relações financeiras com o DOI-CODI e Ustra, que por sua vez, devolvia a reciprocidade, auxiliando-o em liberações de documentos da prefeitura e do Estado, para  manter o seu funcionamento legal. Depois desligaram-se.
SEBASTIÃO CURIÓ BUSCA INFORMAÇÕES NO DOI-CODI
         Ainda em 1973, fui conduzido ao DOI e lá interrogado por um oficial, que viera do Pará. Era o "capitão" Sebastião Curió. Queria informações sobre Xambioá e a região. Também quis me submeter à choques e "pau de arara", o que foi impedido pelos agentes do DOI, afirmando que eu fora liberado depois de ter prestado depoimento durante meses seguidos. Que eu tinha saído por ordens do Alto Comando do Exército e aguardava decisão da Justiça Militar. Irritado com a decisão, Curió se retirou afirmando, que com a "proteção", que davam aos subversivos,  não era possível "trabalhar"...
          No fim de 1977, fui morar em Porto Alegre, onde vi Ustra pela última vez. Abaixou-se dentro seu Opala, escondendo-se.
                    PERSEGUIDO ATÉ ANISTIA
          Fui perseguido até a  Anistia, seguido e observado, chamado a assinar presença no livro, que o DOI CODI mantinha para controle de endereços, locais de moradia e trabalho. Em todos os locais de trabalho eram colocados homens do DOI ou sob controle deles. Assim foi em Itanhaém, São Paulo e Porto Alegre.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário